HISTÓRIA DO SANGUE
Você conhece a história do sangue?
Vamos fazer uma breve viagem sobre este elemento precioso,
e essencial as nossas vidas!
Desde os primórdios, o homem sempre teve curiosidade acerca da manipulação do sangue. Ao longo dos anos o sangue foi sendo considerado como uma força que “dá vida” com ligação aos Deuses e à fé religiosa. Por exemplo, usava-se o sangue para rituais, sacrifícios e tratamentos (Incas, Astecas, Egípcios e Tribos Africanas).
Os gladiadores romanos ingeriam sangue, com a crença de ficarem mais fortes e corajosos para lutar. Alguns nobres da época, bebiam o sangue de gladiadores mortos, ao acreditar que tinha propriedades curativas.
Os gregos reconheciam o sangue como sustentáculo da vida. Alguns médicos gregos realizavam sangria, muitas vezes usada como possibilidade de cura para os desequilíbrios corporais.
"As tentativas de manipular o sangue para uso diverso, vêm desde a pré-história... Porém, referente a cura de doenças, durante muitos séculos, os resultados foram totalmente infrutíferos, tornando a transferência de sangue para os indivíduos, um desafio".
A Transfusão pode ser tradicionalmente dividida em:
- Era Pré-histórica: que vai até a descoberta da circulação sanguínea pelo médico britânico William Harvey, no início do século XVII;
- Período Pré-científico: vai de 1616, ano da descoberta da circulação, até o início do século XX, quando o pesquisador austríaco Landsteiner descobre o grupo sanguineo ABO;
- Período Científico: começa com a descoberta de Landsteiner, chegando até os dias atuais.
As primeiras transfusões de sangue com base em experimentos em animais remontam ao século XVII, mais precisamente em 1665, realizadas pelo médico britânico, Richard Lower, em Oxford.
Já as primeiras experiências com humanos, sendo transfusão animal-homem, têm registro em 1667, em Paris, com Jean Baptiste Denis, médico do rei Luis XIV. Ele utilizou um tubo de prata e injetou um copo de sangue de carneiro em Antoine Mauroy, após resistir a duas transfusões, viria a falecer, provavelmente em decorrência da terceira transfusão.
Em 1818, James Blundel, um médico inglês, realizou com sucesso a primeira transfusão homem-homem, transfundindo o sangue humano em uma mulher com hemorragia pós-parto.
"A classificação do sangue em diferentes grupos, permitiu estabelecer as compatibilidades e incompatibilidades entre os indivíduos. Descoberto assim, a base científica para a utilização do sangue como agente terapêutico".
Em 1901, iniciou a Era Científica da Transfusão, com a descoberta do Sistema ABO, por Karl Landsteiner (1868-1943). Nobel de Medicina em 1930.
Em 1911, Ottemberg constatou que a transfusão apenas seria possível, quando o soro do receptor não aglutinasse as hemácias do doador. Assim, ocorreu a primeira transfusão, precedida da realização de provas de compatibilidade.
A Transfusão só passou a ser utilizada em larga escala, a partir da Primeira Guerra Mundial, em socorro de combatentes.
Em 1943, com o desenvolvimento de novos produtos anticoagulantes, como o ácido cítrico, citrato e destrose (ACD), por Loutit e Mollinson, e com o uso de frascos de vidro específicos, foi possível que os chamados "bancos de sangue" pudessem enviar sangue, colhido na América e na Europa, para abastecer os hospitais de campanha durante a II Guerra Mundial.
Após um breve histórico sobre o sangue no mundo,
como será que este se desenvolveu no Brasil?
Período Pré-científico: Em 1879, José Vieira Marcondes, em sua tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, discutiu se a melhor transfusão seria com sangue de animais para humanos ou entre seres humanos. O mesmo, descreveu uma reação hemolítica aguda, com alterações renais e presença da hemoglobina na urina.
Período Científico: Em 1900, após a descoberta dos grupos sangüíneos, por Karl Landsteiner, o Brasil teve por pioneiros nesta prática, Brandão Filho e Armando Aguinaga.
Posteriormente, na Bahia, há um relato do professor de Clínica Médica, Garcez Fróes, que fez a primeira transfusão de sangue, através do uso improvisado de um aparelho chamado "Agote", para a transfusão de 129 ml de sangue humano, em uma paciente operada de pólipo uterino com metrorragia.
Aos poucos, passaram a surgir no País, alguns serviços especializados, de organizações simples, constituído por um médico transfusionista e um corpo de doadores universais saudáveis (Grupo O).
Nos anos 40, a Hemoterapia foi caracterizada especialidade médica. Sendo que em 1942, foi inaugurado o primeiro Banco de Sangue no Instituto Fernandes Figueira - IFF/ RJ, cujo objetivo era abastecer de sangue o hospital e atender os hospitais de campanha na guerra.
Nos anos 50, foi fundada a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), durante seu primeiro Congresso em Petrópolis, presidido por Walter O. Cruz.
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados, o Pró-Sangue, que estabelecia uma ordenação do Sistema Hemoterápico no Brasil, criando hemocentros nas principais cidades do País, tendo como diretrizes a doação voluntária não remunerada de sangue e medidas para segurança de doadores e receptores.
A Constituição de 1988 estabeleceu em seu artigo 199 "a assistência à saúde é livre à iniciativa privada", e no seu parágrafo 4 que "a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção dos órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus componentes, vedado todo tipo de comercialização".
Em 2002, Sergio Arouca embasado na regulamentação legal deste artigo, contribuiu para que fosse aprovada a proibição da doação gratificada de sangue, conceituando que a remuneração dos serviços seria apenas para a cobertura de custos de processamento.
Atualmente, os estudos acerca do sangue tem avançado, algo evidenciado
pelo crescente desenvolvimento da Genética Molecular e a Biotecnologia,
novas terapêuticas celulares, renovação dos equipamentos em aquisição de novas tecnologias, automação e computação, sistemas da qualidade, pulverização das atividades da Hemoterapia em diversas sociedades científicas, e ampla divulgação da temática sobre a "doação de sangue" na sociedade em geral.
FONTE:
BENETTI, Salete Regina Daronco; LENARDT, Maria Helena. Significado atribuído ao sangue pelos doadores e receptores. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 15, n. 1, p. 43-50, Mar. 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000100005&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Jan. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072006000100005.
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JUNQUEIRA, Pedro C.; ROSENBLIT, Jacob; HAMERSCHLAK, Nelson. História da Hemoterapia no Brasil. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São José do Rio Preto , v. 27, n. 3, p. 201-207, Sept. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842005000300013&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Jan. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842005000300013.
MELO E COSTA, C.Breve História da Transfusão: Transfusão de Concentrado Eritrocitário no doente crítico. Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes – Serviço de Sangue do Hospital Dr. Prof. Fernando Fonseca. Amadora, Portugal: 2010. Disponível em: https://repositorio.hff.min-saude.pt/bitstream/10400.10/1278/1/Carolina%20Costa-%20Historia%20da%20transfusao.pdf